Aprenda a criar zumbis

Uma cortesia educacional do sumo-sacerdote haitiano da religião voodoo.






Você vai precisar de:
- uma ou mais espécies de baiacu, que normalmente contém uma neurotoxina mortal chamada tetrodotoxina
- uma espécie de sapo boi (Bufo marinus) haitiano, que produz inúmeras substâncias tóxicas
- um sapo de hyla (Osteopilus dominicensis), que produz uma substância irritante, porém não mortal
- restos humanos
- Figueira-do-diabo (Datura stramonium), conhecida localmente como "pepino de zumbi".
- animais diversos, como aranhas, mas que tenham propriedades que irritem a pele
- vidro triturado
- e claro, uma vítima


Como fazer:
Misture a tetrodotoxina, extrato da pele de Bufo marinus e secreções defensivas geradas pelo Osteopilus dominicensis com o vidro, as aranhas e restos humanos [sangue, pele, carne, o que preferir]. Triture bem até formar uma espécie de pó, que talvez fique levemente cremoso. USE LUVAS AO MANUSEAR A MISTURA.

Nota: Os restos humanos e as aranhas são opcionais, sendo, respectivamente, algo meramente ritualístico e apenas um adendo ao poder do extrato de Osteopilus dominicensis.


Espalhe o pó sobre a pele da vítima. Não no rosto, se isso cair nos olhos a pessoa provavelmente ficará cega, e você não vai querer um escravo-zumbi cego. Mantenha seu proto-zumbi preso por algumas horas, monitorando a situação. A pele começará a ficar irritada e rachar, e a tetrodotoxina chegará à corrente sanguínea, causando um bloqueio nos canais de sódio nos músculos e nas células nervosas. A vítima ficará paralisada, entrando em estado de letargia, mas sem perder completamente a consciência. Nesse período, aja como se ela estivesse morta. O procedimento exato seria realizar todo um ritual fúnebre para a pessoa e enterrá-la, mas claro, tomando devidos cuidados pra que a pessoa não morra sufocada dentro do caixão. Mas isso sairia caro e burocrático demais, então improvise algo mais em conta para convencer a pessoa de que ela está morta, ou algo muito parecido com isso. Desenterre seu zumbi logo que ele começar a recuperar os movimentos, e o alimente com uma pasta feita da planta Datura stramonium. Suas toxinas causarão tontura, febre e amnésia, causando certa lentidão na mente do zumbi e aumentando potencialmente a crença de que esteja morto.

O que fazer com seu zumbi, bem, isso é determinado por sua criatividade.

Não permita que seu zumbi ingira sal, isso [supostamente] pode começar a trazê-lo de volta à consciência de estar vivo.

Considerações finais:

- Você pode fazer isso se estiver no Brasil, pois de acordo com o artigo 18 da constituição, é inviolável o direito a exercer sua religião e seus cultos, e o voodoo é oficialmente classificado como uma religião africana.

"ARTIGO 18. Todo homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância isolada ou coletivamente, em público ou em particular"."

Em outras palavras, você está agindo plenamente dentro de seus direitos ao criar zumbis no Brasil.

- Em contrapartida, se você estiver [morando e/ou visitando] o Haiti, NÃO FAÇA ISSO lá. Uma lei que condena a criação de zumbis entrou em vigor no Haiti em 1835. O artigo 246 do Código Penal Haitiano classifica o uso em alguém de uma substância que gera um período prolongado de letargia sem causar a morte como tentativa de assassinato. Se a substância causar aparência de morte e resultar no enterro da vítima, o ato é classificado como assassinato. Ou seja, você pode ir preso.

- A superdosagem de tetrodoxina pode resultar em morte [irreversível, o que não é a intenção aqui]. Não exagere.

- Eu me isento da responsabilidade sobre qualquer coisa que alguém venha a fazer com as informações fornecidas por mim


A constar: eu não inventei isso. Não é ficção. Apenas escrevi um resumo prático de pesquisas pessoais a respeito de práticas religiosas. Vocês podem encontrar mais informações sobre isso no Google, obviamente.


[Postado originalmente por Júlia na comunidade PERAI]